Pesquisar este blog

terça-feira, 11 de outubro de 2022

O mistério do banheiro 43.

 


                                       *Imagem de Chris Keller do Pixabay 




No ano de 2021,Lucas teve que enfrentar o sofrimento que é perder  entes  queridos  vitimados por   doenças graves.
Ariane (a mãe de Lucas) antes de falecer, pediu ao seu filho e a sua nora que assim que ela partisse, eles fossem morar no apartamento dela e cuidassem de Alberto (pai do Lucas).
Alberto, de 77 anos, teve alguns problemas de saúde e estava acamado.
Lidar com a realidade da vida finita é tão, mas, tão doloroso que naquele dia, tanto Lucas, quanto Daniela, resolveram apenas acenar com a cabeça para demonstrar  que concordaram e que fariam com que o último desejo de Ariane se realizasse.
Ariane partiu e após quarenta dias Alberto também...
O apartamento vazio, agora, dava origem a um grande mistério: O mistério do banheiro 43.

Daniela é daquelas pessoas que acreditam em vida pós - morte, aparições, fantasmas, bruxas, fadas, duendes… ela adora acender incensos, ouvir mantras, reverenciar a mãe natureza... Essas coisas que para muita gente parece absurdo ou assustador, mas para ela é importante.

Dias antes da mudança, Daniela decidiu ir limpar o apartamento. Lá, como sempre costuma fazer antes de iniciar limpezas, pegou o seu celular e acessou o YouTube, colocando mantras para ouvir enquanto executava suas tarefas.
Entre os quartos, bem na parte central do apartamento, fica um banheiro. Daniela estava limpando o banheiro da suíte que fica bem próximo, só ela, a música, rodo, panos, produtos de limpeza e mais nada.

Enquanto limpava e a música tocava, Daniela começou a lembrar de sua sogra e do seu sogro e de todos os momentos que passaram juntos.

De repente, no meio do silêncio dos seus pensamentos, Daniela ouviu batidas que pareciam vir do outro banheiro-o banheiro que os cuidadores geralmente usavam para dar banho no seu  sogro e também utilizar o vaso sanitário pela facilidade de acesso a um cadeirante.

Daniela gelou, pois o barulho  das batidas era cada vez mais alto. Não era uma batida qualquer, parecia barra de alumínio batendo na parede, mas não havia reforma, nem nada que justificasse tal barulho.
Corajosa, ela decidiu sair do quarto que estava para ver o que estava acontecendo.
Já no corredor, antes mesmo de entrar no banheiro principal, percebeu que a duchinha ao lado do vaso sanitário estava se movendo.

Não pode acreditar no que seus olhos estavam enxergando, era surreal demais para a mente dela, observar uma duchinha de pé e batendo com força na parede.

Pensou que poderia ser um pombo que entrou pela janela e estivesse se debatendo, olhou para o chão do banheiro, mas não viu nada...
Quando se aproximou da duchinha, a ducha parou de bater.
Este teria sido um contato sobrenatural? Foi imediatamente isso que Daniela pensou.
Comentou com o seu marido que também ficou pensativo, gostaria de acreditar que seus pais poderiam com ele se comunicar.
Uma experiência fascinante que poderia ser real, porém, depois de alguns dias  o banheiro começou a apresentar alguns problemas de encanamento e finalmente o mistério do banheiro chegou ao fim: quando usam a água e a pressão diminui e aumenta, devido a sua força, faz a mangueira da ducha se mover.



Fim.










sexta-feira, 30 de setembro de 2022

O Sátiro.

 

 Era uma vez no Reino Floral, um lindo bosque habitado por ninfas dríades.

O Reino Floral, por possuir muita alegria e uma variedade exuberante de flores, chamou a atenção de um andarilho sátiro chamado Paolo.

Paolo, assim como todas as outras criaturas de sua espécie, tinha poderes reduzidos, era um ser obsceno, exagerado - um demônio que habitava lugar desolado e que adorava participar dos cortejos de Dionísio ou mesmo, misturar-se em farras com os humanos.

Tão belo era o castelo e o jardim do reino que o sátiro gananciosamente desejou possuir o local e tornar-se o rei das ninfas.

Ambicioso demais pelo poder, Paolo tratou de seduzir a jovem princesa ninfa chamada Ayn.

Apesar de ser muito sábia e poderosa como todas as ninfas, a princesa não percebeu a real intenção do sátiro, foi seduzida e casou-se com ele.

Quanto mais o tempo passava, a ninfa notava que o seu marido tinha comportamentos e pensamentos egoístas e inadequados, apesar de muito amá-lo, pressentia que Paolo não era merecedor do seu amor.

Desejando se tornar imortal e rei das ninfas, o sátiro pediu a ninfa que realizasse o seu desejo de ser pai. Porém, Paolo ficou enfurecido quando o seu primogênito nasceu e na realidade era uma menina e não tinha dom algum, apesar de descender de uma ninfa.

Para os sátiros, apenas os filhos homens são seres com poderes extremos e por este motivo, capazes de conseguir a progressão hierárquica no reino.

Então, a criatura maléfica mais uma vez engana Ayn e a convence de ter outro bebê.

No dia que a ninfa teve a sua segunda filha, Paolo ficou irado por mais uma vez não conseguir realizar o seu desejo e ignorou totalmente a existência da ninfa-bebê.

A princesa ninfa, cansada e entristecida com o comportamento de desdém constante do seu marido,  separou-se de Paolo e este resolveu tentar realizar o seu desejo conhecendo outros reinos.

Mal sabia a criatura que Uly (a ninfa bebê) nasceria com os dons do amor, do bem e da transmutação...

Quando a ninfa bebê tinha dois anos e meio de idade, o Reino Floral estava passando por dificuldades climáticas decorrentes de ações humanas, motivando a Ayn de se aproximar, conhecer e unir-se ao Reino do Povo do Ar.

Paolo em suas andanças soube que a sua ex-esposa estava finalmente sendo feliz e muito amada por Kaha (o príncipe guardião do Reino do Povo do Ar) e com atitude egoísta, invadiu o Reino das Flores raptando Uly.

Demônio tolo que, sob a influência ignorante do poder, não percebeu que a ninfa bebê com os seus dons, no final de todo o conflito, seria a vitoriosa...

Após dois meses, com a ajuda de Kaha, Ayn reencontrou a sua filha que estava sendo mantida em carcere em uma masmorra suja e abandonada em um reino, muito, muito distante.

Paolo por seu comportamento egoísta, recebeu a punição de não ter contato mais com as criaturas, nem com o que é belo e afetuoso. Para arrepender-se e evoluir, ele viveria em um ambiente frio e escuro.

O Reino Povo do Ar unificou-se com o Reino Floral e Uly tornou-se uma bela ninfa guerreira que utiliza o seu recém-descoberto dom da escrita para transmutar vidas e garantir que o bem sempre prevaleça entre todos os seres.

Fim.


sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Velinhas Voadoras.


Em outubro do ano de 2004 Aya completou 15 anos de idade. Como ela era a caçulinha da família, obviamente, os seus pais não mediram esforços para homenagear o dia tão especial, oferecendo a melhor festa de todos os tempos.

Aya e sua família estavam radiantes e muito, muito felizes, também, quem não ficaria feliz em participar de uma festa que mais parecia um baile daqueles narrados em contos de fadas não é mesmo?

Linda e harmoniosa decoração com flores, lindos vestidos longos e brilhantes,músicas alegres,pessoas animadas ,comida e bebida em fartura.

Tudo era lindo,tudo era mágico, inclusive o momento quando soou às doze badaladas da meia-noite e o salão foi preenchido por15 garotos fardados que representavam a guarda da corte da princesa debutante.

Foi combinado e ensaiado que as irmãs de Aya,Alícia e Alitéia entregariam  e acenderiam as 15 velinhas que cada rapaz iria segurar para que Aya apagasse durante a valsa no transcorrer do baile.

Alícia ficaria responsável por acender as velinhas.
Alitéia seria a responsável por entregar as velinhas aos rapazes.


Alitéia tinha 21 anos e era uma moça super responsável e madura para a sua idade, mas, tinha um pequeno problema: Ela era uma pessoa extremamente ansiosa.

Ansiosa e estabanada,Alitéia não consegue cumprir exatamente com o combinado e de repente ,enquanto inicia-se a música da valsa é possível acompanhar junto dela  o tilintar de pequenos e delicados vidros se espatifando no chão. A explicação?

Alitéia era tímida e ficou ansiosa quando chegou o momento de entregar as velinhas, então,as velinhas que estavam distribuídas igualmente na cestinha que ela carregava, foram caindo a cada passo que Alitéia dava.Nervosa, ela não tinha percebido estar pegando as velinhas apenas de um lado e isso fez com que o peso da cestinha ficasse desigual e assim as velinhas que estavam em uma tulipa de vidro foram se quebrando.

As atenções se voltaram para Alitéia  que ficou tão envergonhada que desejou sair correndo ,porém, não o fez.

E assim seguiu o baile...
                                                                                            
                                                                                                  

                                                                                                                              Fim.





 

sábado, 3 de setembro de 2022

A garota -fantasma do guarda roupa.

                                                   

Domingo,dia de reunir a família para confraternizar e é lógico, usufruir daquele almoço super gostoso feito com todo o carinho de uma mãe.

Das três irmãs,Adriana é a filha mais espontânea, aquela que age movida pela emoção do momento.

Estava a família toda reunida como em todas as tardes de domingo, quando as sobrinhas de Adriana resolveram pedir para a tia brincar com  elas de esconde-esconde.

Talvez tudo teria sido diferente se a brincadeira fosse realizada em uma casa espaçosa, no entanto, as crianças inventaram de brincar em um pequeno apartamento de 01 quarto dividido em dois ambientes,01 sala,01 cozinha e um banheiro…

O almoço já tinha acabado, a sobremesa estava servida e como de costume, o patriarca da família foi tirar um cochilo no seu quarto. Adriana, sempre muito paciente com as duas crianças(meninas-03 e 06 anos) começou a sua “jornada para encontrá-las”.

Ocorre que Adriana, apesar de já ter 21 anos, sempre teve uma mentalidade muito criativa-sabe como é né? Bem característica de uma futura escritora!

Lany,a menina mais nova e mais serelepe, resolveu pregar uma peça em sua tia e assim, após encontrar a menina mais velha-Ênia, atrás da cortina da sala, Adriana foi para o seu quarto procurar a outra criança.

No quarto, Ênia estava vibrando pela tia não estar conseguindo encontrar a Lany até que…

Enquanto estava procurando a sua sobrinha, Adriana resolveu abrir o seu guarda-roupa para se certificar se a criança não estaria escondida lá, porém, quando abriu o guarda-roupa não percebeu ninguém a não ser uma cabeça de criança dentro de um casaco longo.

A sobrinha mais velha riu porque a tia tinha descoberto o esconderijo da outra menina, mas, também ficou assustada:

A sua tia Adriana do nada e com uma voz meio embargada e trêmula, começou a falar olhando para o guarda-roupa: – Aqui não é o seu lugar, volte de onde você veio, vá encontrar a luz! Isso aconteceu porque quando olhou rapidamente o seu guarda-roupa ao abrir a porta,Adriana viu a cabeça de uma criança, criança que não tinha nem mãos, nem pernas e estava “pendurada pelo cabide com o seu casaco preferido.

Sem entender o que estava acontecendo e já assustado por ouvir a filha falando alto para alguém encontrar a luz, o pai de Adriana, que estava do outro lado do quarto, perguntou:

– O que foi? o que está acontecendo? Foi somente após a pergunta de seu pai que Adriana saiu do seu transe imaginário e percebeu que aquela figura assustadoramente fantasmagórica era na realidade a sua sobrinha que havia se escondido dentro do imenso casaco e estava apenas com a sua cabeça aparecendo.

Passado o grande susto, todos caíram na risada e essa tornou-se uma lembrança feliz e engraçada .

Fim.

 

* Imagem de Pete Linforth por Pixabay.*