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sexta-feira, 30 de setembro de 2022

O Sátiro.

 

 Era uma vez no Reino Floral, um lindo bosque habitado por ninfas dríades.

O Reino Floral, por possuir muita alegria e uma variedade exuberante de flores, chamou a atenção de um andarilho sátiro chamado Paolo.

Paolo, assim como todas as outras criaturas de sua espécie, tinha poderes reduzidos, era um ser obsceno, exagerado - um demônio que habitava lugar desolado e que adorava participar dos cortejos de Dionísio ou mesmo, misturar-se em farras com os humanos.

Tão belo era o castelo e o jardim do reino que o sátiro gananciosamente desejou possuir o local e tornar-se o rei das ninfas.

Ambicioso demais pelo poder, Paolo tratou de seduzir a jovem princesa ninfa chamada Ayn.

Apesar de ser muito sábia e poderosa como todas as ninfas, a princesa não percebeu a real intenção do sátiro, foi seduzida e casou-se com ele.

Quanto mais o tempo passava, a ninfa notava que o seu marido tinha comportamentos e pensamentos egoístas e inadequados, apesar de muito amá-lo, pressentia que Paolo não era merecedor do seu amor.

Desejando se tornar imortal e rei das ninfas, o sátiro pediu a ninfa que realizasse o seu desejo de ser pai. Porém, Paolo ficou enfurecido quando o seu primogênito nasceu e na realidade era uma menina e não tinha dom algum, apesar de descender de uma ninfa.

Para os sátiros, apenas os filhos homens são seres com poderes extremos e por este motivo, capazes de conseguir a progressão hierárquica no reino.

Então, a criatura maléfica mais uma vez engana Ayn e a convence de ter outro bebê.

No dia que a ninfa teve a sua segunda filha, Paolo ficou irado por mais uma vez não conseguir realizar o seu desejo e ignorou totalmente a existência da ninfa-bebê.

A princesa ninfa, cansada e entristecida com o comportamento de desdém constante do seu marido,  separou-se de Paolo e este resolveu tentar realizar o seu desejo conhecendo outros reinos.

Mal sabia a criatura que Uly (a ninfa bebê) nasceria com os dons do amor, do bem e da transmutação...

Quando a ninfa bebê tinha dois anos e meio de idade, o Reino Floral estava passando por dificuldades climáticas decorrentes de ações humanas, motivando a Ayn de se aproximar, conhecer e unir-se ao Reino do Povo do Ar.

Paolo em suas andanças soube que a sua ex-esposa estava finalmente sendo feliz e muito amada por Kaha (o príncipe guardião do Reino do Povo do Ar) e com atitude egoísta, invadiu o Reino das Flores raptando Uly.

Demônio tolo que, sob a influência ignorante do poder, não percebeu que a ninfa bebê com os seus dons, no final de todo o conflito, seria a vitoriosa...

Após dois meses, com a ajuda de Kaha, Ayn reencontrou a sua filha que estava sendo mantida em carcere em uma masmorra suja e abandonada em um reino, muito, muito distante.

Paolo por seu comportamento egoísta, recebeu a punição de não ter contato mais com as criaturas, nem com o que é belo e afetuoso. Para arrepender-se e evoluir, ele viveria em um ambiente frio e escuro.

O Reino Povo do Ar unificou-se com o Reino Floral e Uly tornou-se uma bela ninfa guerreira que utiliza o seu recém-descoberto dom da escrita para transmutar vidas e garantir que o bem sempre prevaleça entre todos os seres.

Fim.


sexta-feira, 9 de setembro de 2022

Velinhas Voadoras.


Em outubro do ano de 2004 Aya completou 15 anos de idade. Como ela era a caçulinha da família, obviamente, os seus pais não mediram esforços para homenagear o dia tão especial, oferecendo a melhor festa de todos os tempos.

Aya e sua família estavam radiantes e muito, muito felizes, também, quem não ficaria feliz em participar de uma festa que mais parecia um baile daqueles narrados em contos de fadas não é mesmo?

Linda e harmoniosa decoração com flores, lindos vestidos longos e brilhantes,músicas alegres,pessoas animadas ,comida e bebida em fartura.

Tudo era lindo,tudo era mágico, inclusive o momento quando soou às doze badaladas da meia-noite e o salão foi preenchido por15 garotos fardados que representavam a guarda da corte da princesa debutante.

Foi combinado e ensaiado que as irmãs de Aya,Alícia e Alitéia entregariam  e acenderiam as 15 velinhas que cada rapaz iria segurar para que Aya apagasse durante a valsa no transcorrer do baile.

Alícia ficaria responsável por acender as velinhas.
Alitéia seria a responsável por entregar as velinhas aos rapazes.


Alitéia tinha 21 anos e era uma moça super responsável e madura para a sua idade, mas, tinha um pequeno problema: Ela era uma pessoa extremamente ansiosa.

Ansiosa e estabanada,Alitéia não consegue cumprir exatamente com o combinado e de repente ,enquanto inicia-se a música da valsa é possível acompanhar junto dela  o tilintar de pequenos e delicados vidros se espatifando no chão. A explicação?

Alitéia era tímida e ficou ansiosa quando chegou o momento de entregar as velinhas, então,as velinhas que estavam distribuídas igualmente na cestinha que ela carregava, foram caindo a cada passo que Alitéia dava.Nervosa, ela não tinha percebido estar pegando as velinhas apenas de um lado e isso fez com que o peso da cestinha ficasse desigual e assim as velinhas que estavam em uma tulipa de vidro foram se quebrando.

As atenções se voltaram para Alitéia  que ficou tão envergonhada que desejou sair correndo ,porém, não o fez.

E assim seguiu o baile...
                                                                                            
                                                                                                  

                                                                                                                              Fim.





 

sábado, 3 de setembro de 2022

A garota -fantasma do guarda roupa.

                                                   

Domingo,dia de reunir a família para confraternizar e é lógico, usufruir daquele almoço super gostoso feito com todo o carinho de uma mãe.

Das três irmãs,Adriana é a filha mais espontânea, aquela que age movida pela emoção do momento.

Estava a família toda reunida como em todas as tardes de domingo, quando as sobrinhas de Adriana resolveram pedir para a tia brincar com  elas de esconde-esconde.

Talvez tudo teria sido diferente se a brincadeira fosse realizada em uma casa espaçosa, no entanto, as crianças inventaram de brincar em um pequeno apartamento de 01 quarto dividido em dois ambientes,01 sala,01 cozinha e um banheiro…

O almoço já tinha acabado, a sobremesa estava servida e como de costume, o patriarca da família foi tirar um cochilo no seu quarto. Adriana, sempre muito paciente com as duas crianças(meninas-03 e 06 anos) começou a sua “jornada para encontrá-las”.

Ocorre que Adriana, apesar de já ter 21 anos, sempre teve uma mentalidade muito criativa-sabe como é né? Bem característica de uma futura escritora!

Lany,a menina mais nova e mais serelepe, resolveu pregar uma peça em sua tia e assim, após encontrar a menina mais velha-Ênia, atrás da cortina da sala, Adriana foi para o seu quarto procurar a outra criança.

No quarto, Ênia estava vibrando pela tia não estar conseguindo encontrar a Lany até que…

Enquanto estava procurando a sua sobrinha, Adriana resolveu abrir o seu guarda-roupa para se certificar se a criança não estaria escondida lá, porém, quando abriu o guarda-roupa não percebeu ninguém a não ser uma cabeça de criança dentro de um casaco longo.

A sobrinha mais velha riu porque a tia tinha descoberto o esconderijo da outra menina, mas, também ficou assustada:

A sua tia Adriana do nada e com uma voz meio embargada e trêmula, começou a falar olhando para o guarda-roupa: – Aqui não é o seu lugar, volte de onde você veio, vá encontrar a luz! Isso aconteceu porque quando olhou rapidamente o seu guarda-roupa ao abrir a porta,Adriana viu a cabeça de uma criança, criança que não tinha nem mãos, nem pernas e estava “pendurada pelo cabide com o seu casaco preferido.

Sem entender o que estava acontecendo e já assustado por ouvir a filha falando alto para alguém encontrar a luz, o pai de Adriana, que estava do outro lado do quarto, perguntou:

– O que foi? o que está acontecendo? Foi somente após a pergunta de seu pai que Adriana saiu do seu transe imaginário e percebeu que aquela figura assustadoramente fantasmagórica era na realidade a sua sobrinha que havia se escondido dentro do imenso casaco e estava apenas com a sua cabeça aparecendo.

Passado o grande susto, todos caíram na risada e essa tornou-se uma lembrança feliz e engraçada .

Fim.

 

* Imagem de Pete Linforth por Pixabay.*